Diante do ritmo desenfreado com que as coisas estão acontecendo em todos os aspectos de nossa vida, repensar a empresa e seus modelos de gestão tornou-se vital para assegurar minimamente sua sobrevivência no mercado.

Note que a primeira referência pauta-se na sobrevivência da empresa em seu mercado de atuação, para, depois, explorarmos sua expansão nos negócios, por mais que uma ação seja decorrente da outra, pois a ideia central desta discussão está na relevância de sua sobrevivência sustentável como condição fundamental para adoção de planos posteriores.

Com o foco concentrado no repensar, você deve entender seu sentido como algo a reconsiderar. Simplificando sua explicação, trata-se de pensar melhor sobre algo, enfim, refletir, tanto como fator de necessidade quanto por exigência dos agentes do mercado, em especial dos próprios consumidores, diante de suas experiências, preferências e exigências.

Conecte, portanto, sua empresa nesta referência que está colocada em discussão. Em termos práticos, no contexto dos negócios da empresa, repense, sempre que possível, algo que possa ser feito agregando valor ao cliente, de melhor maneira, mais rápido e com avanços em sua eficiência.

Este repensar não obriga necessariamente a adoção de mudanças imediatas, abruptas, intempestivas, disruptivas ou até mesmo revolucionárias, mas, sim, um repensar inicial simples, objetivo e direto no contexto em que se apresenta, migrando a um olhar primeiramente para dentro da empresa, de maneira posterior a conectá-lo com o externo.

Desta forma, comece, por exemplo, olhando para o básico bem feito, ou seja, aquilo que você já tem amplo domínio, considera um diferencial de sua empresa no negócio e, então, reflita, de maneira com que tal comportamento possa reverberar e reforçar suas vantagens competitivas, não demandando riscos de necessitar testar e trabalhar com algo relativa ou obrigatoriamente novo.

Um ponto de partida pode estar em conhecer mais a fundo os produtos e serviços da empresa, assim como o que representam e as formas pelas quais são produzidos e, posteriormente, entregues.

Na sequência, olhando para fora da empresa, reflita sobre quais e quem são seus consumidores atuais e potenciais, bem como seus comportamentos, necessidades e o que sua marca representa em termos de solução e, principalmente, propósito. Como complemento, compreenda quanto sua empresa gasta e recebe por tudo isto o que faz e entrega.

Um pouco mais para o final desta matéria, o destaque acima voltará a ser apresentado na forma de um método prático de trabalho, para o caso de você desejar aprofundar seu conhecimento.

Saiba que há muitos outros elementos que você pode utilizar neste convite apresentado para repensar sua empresa. O que é contextualizado nesta discussão é algo básico e introdutório. Afinal, o que você precisa entender é que sempre há algo a ser aperfeiçoado. A questão passa a ser a descoberta do que, onde, como, quando e as razões para tanto.

Pensar desta forma e partir deste ponto pode ser algo extremamente fundamental para alcançar planos maiores, no médio e longo prazos, caso não haja, obviamente, uma demanda latente por mudar rápido, dentro de um cenário emergencial.

Percorrendo este jeito de pensar para repensar, possivelmente você terá condições de identificar alguns dos fatores críticos de sucesso de sua empresa para uma atuação muito mais fortalecida e sustentável no mercado, com referências especiais para quem ela é, condições de operação e como desenvolve-se diante de potenciais competitivos que apresenta.

Depois, naturalmente e sem muitas cobranças, efetue comparações de alguns destes fatores críticos de sucesso de sua empresa com outras duas ou três que também atuam no mesmo mercado do seu negócio, avaliando seus pontos fortes e fracos, numa comparação simples.

Procure também, se possível, ter uma visão que vá além de seu mercado de atuação, de maneira a buscar referências de empresas de destaque nesses outros mercados, não necessariamente concorrentes, mas que tenham competências específicas admiráveis, desenvolvendo aqui algo que é conhecido na gestão como Benchmarking.

A partir destes pontos de reflexão, você poderá avançar em suas análises e interpretações, construindo uma agenda com alguns destes itens fundamentais apresentados abaixo, visando atuação no cenário descrito:

a) novos e alternativos canais de comercialização físicos, digitais ou figitais (combinação dos dois);
b) marketing digital;
c) tecnologia embarcada em processos administrativos e operações;
d) transformação digital;
e) logística;
f) possibilidade de ampliar o portfólio de produtos e serviços;
g) entrada em novas categorias e mercados;
h) prospecção de clientes em outras regiões ou de outros portes no mesmo mercado;
i) aumentar a produtividade da equipe de vendas;
j) estabelecer novas parcerias com fornecedores e intensificar as parcerias já existentes, buscando o estabelecimento de novas sinergias;
k) outros tantos itens que você julgar necessários.

Observe pelos breves apontamentos acima o leque de possibilidades que surgem quando você se põe, ao invés de quando se opõe, a repensar sua empresa: um mundo de oportunidades se abre àqueles que buscam o novo.

Uma sugestão, caso deseje articular na prática a proposta desta matéria, é não executar este exercício sozinho em seu todo, ou seja, você pode até desenvolver a fase inicial individualmente, mas chegará um momento em que necessitará compartilhar e discutir suas ideias com outros colaboradores da empresa, fundamentalmente com gestores, até para que haja diálogo em sua reflexão e validação das propostas.

Muitas das respostas obtidas neste exercício de repensar sua empresa podem levá-lo desde ao exercício básico de entender sobre o atual momento ou, até mesmo, a algo muito mais estratégico, contemplando a definição, construção, proposição e implementação de um novo modelo de negócios, estabelecendo possivelmente uma nova lógica de operação da empresa, sempre com espaço aberto para a inovação.

Um dos modelos de negócios mais utilizado por empresas, principalmente startups, dentro de uma cultura que valoriza a adoção de metodologias ágeis de gestão, é o Business Model Generation (BMG) – Canvas, criado por Alexander Osterwalder.

Certamente você já deve ter ouvido falar ou lido algo sobre o assunto, de maneira que, apenas a título de informação, destacaremos os nove itens do BMG, sem entrar no detalhamento de sua explicação, para que você possa, caso deseje, buscar mais informações sobre o assunto por meio de pesquisas na Internet, com especial destaque aos sites do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Endeavor Brasil, ou então pelo livro “Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios”, escrito pelo próprio Osterwalder e Yves Pigneur, publicado pela Editora Alta Books (2011):

  1. Segmento de clientes;
  2. Proposta de valor;
  3. Canais de distribuição;
  4. Relacionamento com clientes;
  5. Fontes de receita;
  6. Recursos principais;
  7. Atividades principais;
  8. Principais parcerias;
  9. Estrutura de custos.

Apenas a título de informação, a construção de uma reflexão a estes itens dará respostas às questões apresentadas abaixo, pertinentes para o repensar proposto:

• O que vou fazer?
• Como será realizado?
• Para quem será feito?
• Quanto vou gastar?

Com 2021 já em andamento, ainda é possível você repensar como será a atuação de sua empresa para o ano que está sendo construído e ajustar alguns de seus importantes detalhes.

Para tanto, o que foi apresentado nesta matéria reúne elementos básicos para você inicialmente refletir e, depois, até mesmo, fazer o mais importante: começar a agir. Vamos lá?

 

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